Jorge Maia

ROTUNDA DA AVENIDA DO BRASIL

FAMALICÃO

Projetar o recheio de rotundas deveria fazer parte obrigatória do conteúdo programático da licenciatura em arquitetura paisagista. Trata-se, de facto, de um exercício complexo, mas desafiante. Por um lado, a liberdade completa para o desenho; por outro, o limite do círculo ou da elipse, o ponto de fuga das panorâmicas. Tratando-se de um nó rodoviário destinado a facilitar o fluxo automóvel, importa pensar o conteúdo como um trecho de paisagem de leitura rápida, que provoque uma ligeira impressão, sem o pretensiosismo de prender a atenção. Na solução a encontrar para um nó rodoviário é absolutamente fundamental interiorizar a importância da sua autossustentabilidade. Interessa pesquisar soluções vegetais de elevada rusticidade, importa avaliar os cuidados de manutenção do espaço verde. Neste caso concreto, a análise do local ditou a solução. Localizada numa zona baixa, muito próxima do vale do rio Pelhe, importava, eventualmente, recriar um trecho de paisagem ribeirinha que aproximasse a rotunda do seu habitat natural. Relativamente à morfologia e atendendo à pendente predominantemente norte/sul, recorreu-se ao desenho de talhões de traçado irregular que permitiriam o ligeiro terraceamento. Numa atitude, propositadamente minimalista, procurou-se alternar talhão revestido a inertes com talhão revestido a gramínea. O bosque de bétulas procura amenizar a singeleza da proposta, dando pulmão à placa giratória.