Jorge Maia

PARQUE RIO DE PORTO

MELGAÇO

Tratando-se de um ribeiro de montanha de regime torrencial, o Rio de Porto passa, de forma quase despercebida, ao largo do centro histórico de Melgaço. Quase sempre com margens estabilizadas por muros em granito, o curso de água acaba por se encaixar numa morfologia difícil, cruzando afloramentos rochosos, áreas de tardoz de edifícios ou pequenas leiras agrícolas. A jusante, e após vários desníveis abruptos, quase desaparece no meio de um bosque ribeirinho de altos fustes. Mais do que “devolver o rio à cidade”, o desafio principal seria o de articular a cota alta do centro histórico com o espaço ribeirinho situado à cota baixa. Mais fácil seria a tarefa de criar condições lúdicas ao longo do espaço natural, preservando o potencial ecológico de todo o sistema ripícola. Assim foram criados passadiços em locais estratégicos, ligando as margens e permitindo a instalação de um percurso ribeirinho contínuo. Criaram-se ligações verticais, quer junto aos Paços de Concelho e Tribunal, quer a jusante no trecho final do parque. Na zona de margem mais generosa, localizaram-se as infraestruturas mais pesadas – a cafetaria, o lago, o pátio para desportos radicais. Atendendo ao regime torrencial do Rio de Porto e à falta de água no período estival, procurou-se criar um sistema de levada, tirando partido do caudal desnivelado do curso de água. Captando a montante, numa cota favorável, a levada permite a condução de água ao longo do parque e à cota do percurso, alimentando o lago, para de seguida entrar novamente no ribeiro. Em termos de estrutura verde urbana, o parque Rio de Porto desempenha um papel crucial. Trata-se de um parque linear que funciona como cintura verde do centro histórico, procurando potenciar o equilíbrio ecológico e a mais valia do sistema ribeirinho.